Só esse ano o Brasil deve receber um boom de shows internacionais, seja em festivais ou solo. Entre os confirmados estão Ed Sheeran, Sam Smith, Paramore, além das apostas do público depois de burburinhos sobre a vinda de Madonna e Beyoncé. O público brasileiro é, sem dúvidas, o mais caloroso para shows ao vivo e isso acaba de ser confirmado por um levantamento sobre shows e festivais no Brasil feito pela Preply plataforma de ensino de idiomas que conecta alunos e professores online. Seus dados apontam que 43% dos entrevistados devem assistir às apresentações ao vivo em 2024.

Esse dado vai ao encontro de informações divulgadas pela Secretaria de Turismo e Viagens de São Paulo (Setur-SP). Se considerarmos apenas São Paulo, a capital arrecadou R$289,6 bilhões em 2023 com eventos, número impulsionado pelos shows internacionais, de acordo com a . A expectativa é que essa cifra salte para R$304 bilhões esse ano.

Durante sua última visita ao Brasil, o ex-baterista do Nirvana, Dave Grohl, afirmou que o país possui os fãs mais loucos do mundo. Isso é respaldado pelos 23% dos entrevistados que já acamparam para encontrar seus artistas favoritos. Um exemplo é a história de Alexandre Grunheidt, fã do Metallica, que, em 1989, conseguiu que o baterista autografasse seu caderno de biologia no Aeroporto de Congonhas, mesmo após um incidente com um segurança.

It’s showtime

A tática de aprender todas as músicas e criar playlists com a setlist do show, adotada por 36% dos respondentes, continua sendo uma prática comum. Adicionalmente, 37% acompanham as novidades do artista através de redes sociais e sites. Além disso, 41%, compartilham experiências e trocas musicais com amigos que também gostam do mesmo ídolo.

A história de Yanna Albuquerque, que foi convidada por Jared Leto, vocalista do Thirty Seconds to Mars, para ir ao show dele, mostra que acompanhar o artista pelas redes sociais e saber onde ele está pode dar muito certo. “Minha amiga e eu fomos ao hotel em que a banda estava hospedada para encontrar uma outra amiga que veio para acompanhar o show. Como os ingressos estavam caros, não pude comprar, mas estava fazendo companhia para essa amiga e passamos a tarde no hotel. Quando chegou a hora do show, o Jared parou para conversar com a gente e perguntou se iríamos ao show deles. Eu, toda sincerona, disse que não ia porque não tinha dinheiro. Nisso, ele chamou o segurança, anotou nossos nomes na lista VIP, e lá fomos nós para o teatro” conta Yanna.

My sacrifice

Quando se trata de shows internacionais, os fãs brasileiros enfrentam uma série de desafios além da distância. O idioma, se não a principal barreira, é uma delas, mas isso não impede que os fãs cantem apaixonadamente suas letras favoritas. Uma das formas de contornar esse “obstáculo” é a busca pela tradução dessas músicas, sendo que 53% dos fãs optam por essa abordagem. Para aqueles mais dedicados, o estudo do idioma para obter uma compreensão mais profunda é praticado por 27% dos entrevistados.

“O povo brasileiro em geral é sempre muito receptivo com turistas. Quando se trata de artistas, a recepção é dobrada. Todo esse amor se torna uma ótima forma de incentivar o aprendizado de novos idiomas, pois o processo acaba sendo algo divertido em vez de uma obrigação maçante, o que evita que muitos estudantes abandonem o aprendizado no meio do caminho”, diz Sylvia Johnson, Diretora de Metodologia da Preply

Living in the Moment

Os eventos musicais são momentos de pura felicidade, mas isso não impede que aqueles que estão ali para curtir tenham suas preferências para vivenciar da melhor maneira possível um momento tão esperado. Quando se trata da visão do evento, 39% dos entrevistados têm a preferência de estar sentados, seja em bancos ou em cadeiras.

Quando pensamos na hora do show, a maior reclamação é referente ao grande número de celulares que ocupam o campo de visão durante a apresentação, e 38% dos entrevistados são contra essa prática, preferindo guardar o celular para aproveitar melhor a experiência ao vivo. Existem ainda aqueles que preferem ver seus artistas de pertinho, na frente do palco, e essa parcela é representada por 35% dos entrevistados. Indo contra aqueles que abominam o uso de celulares durante o show, 30% dos entrevistados revelaram que preferem capturar os momentos para compartilhá-los nas redes sociais.

“Muito se comenta sobre a quantidade incontável de celulares durante os shows, e frequentemente essa situação acaba prejudicando a experiência de outras pessoas. No entanto, é fato que todos desejam preservar uma lembrança daquele momento tão aguardado. Em relação àqueles que ficam bem próximos ao palco, o sacrifício no final compensa diante de um momento tão mágico.” reforça Sylvia.

Metodologia

A pesquisa da Preply, conduzida em janeiro de 2024, entrevistou mais de 997 pessoas em todas as cinco regiões do Brasil por meio de questionários online. O objetivo era descobrir as maiores loucuras praticadas por fãs brasileiros e os artistas mais solicitados por eles em shows internacionais.