Filha da Baixada Fluminense, nascida em Japeri, a cineasta, escritora e ativista social Sil Azevedo teve sua história contada  há três anos, quando lançou seu livro “Filho de Prostituta”, uma coletânea de 28 textos, selecionados pela autora, que traduzem dores e dificuldades enfrentadas dos 15 aos 42 anos: autonegação, solidão, preconceitos vividos pela jovem negra homossexual.

Desta vez, a cineasta de prestígio internacional assume por definitivo uma antiga “paixão platônica”, a fotografia, e lança diversos registros exuberantes organizados em coleções, disponíveis em seu próprio site, realçando através de imagens o seu peculiar olhar para paisagens e personagens, sem fugir da temática social, tão presente em suas criações.

Premiada internacionalmente, a multiartista investe agora também no segmento da  “Fotografia para decoração”, no ideal de tornar ambientes residenciais mais interessantes e harmoniosos, sintonizados com design de interiores, na linha dos “espaços de saúde mental”, com utensílios simples e acessíveis a qualquer pessoa: “um quadro de fotografia que traga um pouco de luz e suavidade ao ambiente, para que qualquer um que trabalhe a semana inteira, tenha um espaço dentro da própria casa em que possa relaxar e se energizar para enfrentar a rotina sem estresse”, explica Sil.

A coleção “Território Diaspórico” busca descolonizar o olhar, com fotos de pessoas negras inseridas em paisagens exuberantes, fugindo totalmente da ideia do exótico – ou da maneira que o negro costuma ser apresentado dentro do conceito de beleza artística – e sim com o objetivo de “inserir o negro dentro do que se tem de mais bonito no planeta, como um representante natural da beleza daquele espaço, espaço esse, que nos pertence por direito”, revela a fotógrafa.

Minha fotografia é uma representação do mundo que busco, uma porta que me conduz a lugares e sensações que quero eternizar, onde enquadro apenas a minha percepção do que é essencial à vida”.

De fato, suas fotos representam a natureza na sua essência, sem interferência ou mutação artística nos temas abordados, realçando leveza, brilho, harmonia e aquela forma de beleza que não agride, nem compete, apenas foca na simplificação dos elementos e na naturalidade das cores, linhas e paisagens.