Na história do cinema sabemos que nem todas as continuações dão certo. São inúmeros os casos que a segunda parte acaba se tornando um fracasso, só lucra por conta do nome original e porque o público não tem interesse no novo.

E quando se trata de um clássico absoluto do cinema, muitos cruzam os dedos para que os poderosos de Hollywood deixem a obra quieta, sem remakes, continuações, reboots e afins. Esta foi a sensação que muitos tiveram ao ser anunciado o filme de Doutor Sono, continuação de O Iluminado, clássico de Stanley Kubrick e uma das maiores obras do gênero.

Doutor Sono mostra o adulto Danny Torrance, vivido pelo sempre competente Ewan McGregor, 40 anos depois dos episódios do Hotel Overlook. Danny se abriga em uma pequena cidade em busca de paz e começa a trabalhar em uma casa de repouso e, durante sua vida descobre que há muitos outros “iluminados” como ele. Em especial, Abra (papel da talentosíssima atriz mirim Kyliegh Curran), uma garotinha com poderes bem fortes com quem cria um “laço” de amizade a distância.

Em paralelo, e que é o “recheio” do filme, há o grupo Verdadeiro Nó, liderado por Rose, a Cartola (interpretado pela também competente Rebecca Ferguson), que caça, mata e “se alimenta” dos iluminados e, após rastrear Abra, ficam obcecados em encontrar a garota.

Falando do filme (SEM SPOILERS), Doutor Sono é um dos melhores filmes do gênero lançados nos últimos anos, sem sombra de dúvidas. Mesmo que adaptado de um livro (nada menos que do mestre Stephen King), a produção foge de clichês exaustivos presentes na grande maioria dos filmes atuais.

O diretor Mike Flanagan conduziu a história com maestria, sem exageros e, também, não se preocupou em assustar o espectador, mas sim, entregar uma obra do terror que há muito não se via.

Começando pela direção dos atores. Todos eles estão excelentes (principalmente a garotinha Abra), até mesmo os coadjuvantes que fazem parte do grupo de Rose dão um show. McGregor apenas falha em rápidos momentos que tenta incorporar um insubstituível Jack Nicholson.  Ressalto ainda os novos atores que interpretaram os personagens do primeiro filme na época. Escolhas perfeitas.

Outro ponto que resgata a nostalgia são os elementos do primeiro filme. Flanagan conseguiu recriar uma ambientação perfeita do Hotel Overlook, tal como recriou cenas com os novos atores, muito bem escalados, por sinal.

O que me entristece é que, se o filme fosse uma obra original, sem ser adaptado de um livro famoso e muito menos uma continuação de um clássico, os estúdios nunca dariam a mesma oportunidade. Ainda mais com as obras de King em alta no cinema, vide os sucessos de It, Cemitério Maldito, entre outros.

Mas, no final das contas, quem agradecerá serão os espectadores e a história do cinema, que hoje pode contar com mais um grande filme para coleção.