Quem vê a leveza das bailarinas no palco nem imagina a dor que é fazer uma apresentação de ballet. São horas de aula, meses de ensaio e muita exaustão para dar vida à perfeição. Perfeição que não existe, mas que as bailarinas conseguem alcançar, com passos e braços sincronizados, silhuetas alongadas, movimentos fluídos e filas perfeitamente organizadas.

Pedro Vidal, fotógrafo brasileiro residente em Barcelona, é encantado pelo universo do ballet. Seu amor pela dança foi consequência de sua paixão pela música clássica, e a fotografia foi a maneira que ele encontrou de ficar o mais próximo possível das duas artes.

Em seu projeto, Before the Storm, Pedro quis fotografar a contradição do ballet, que aos olhos do público faz jus à perfeição, mas que nos bastidores é o avesso dela e beira o caótico.

 

Artescétera: Como surgiu a ideia do projeto Before the Storm?

Pedro: A ideia surgiu da minha própria vivência dentro do ballet. Eu comecei a fotografar por causa desta arte, e quanto mais eu me aprofundava, mais eu me apegava aos processos (e não ao espetáculo em si). Foi a contradição que me chamou a atenção. O ballet tem essa coisa da perfeição, da plenitude, mas o que se passa, até o espetáculo acontecer, é o avesso disso. É caótico e líquido.

 

Artescétera: Quanto tempo você demorou para executar o projeto?

Pedro: Faz 3 anos que estou neste projeto. Já são, mais ou menos, 30 espetáculos. É um projeto longo, que ainda não dou como finalizado. Quero que Before the Storm seja um projeto sem fim e instável, que vá se renovando com o passar do tempo.

 

Artescétera: Quais as principais dificuldades em fotografar os bastidores de um espetáculo de ballet?

Pedro: Não existem muitas dificuldades, se você entende e gosta do que está fotografando. A maioria das pessoas que eu conheço e fotografa ballet tem dificuldades por não entender e apreciar o que está fotografando. É como uma paisagem: se você não a admira e ela não comove, você não saberá fotografar bem. Agora, questões técnicas sempre existirão: lugares muito escuros (muito!), espaços superapertados, muita gente, pouco tempo, euforia etc. Mas não mudaria nada, pois, senão, o ambiente não seria o mesmo.

 

Confira as belas e poéticas fotos de Pedro para o projeto Before the Storm: